quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Antes era só o sobrenome

Antigamente, nos meus tempos de brasil, era dificil alguem acertar o meu sobrenome de primeira, de segunda, algum dia. Cada um inventava uma pronuncia para meu sobrenome. Inclusive este blog é uma homenagem a isso, pois bottech é uma mistura de Bottcher com technology, pois a ideia inicial era um blog pessoal+ tecnico, mas agora tenho o blog.bottechnet.com so para assuntos tecnicos (profissionais). Foram tantas as variaçoes do meu nome, botecher, botecter, boechat, borat, boxch, um dia virei até Eduardo Voucher, olha onde chegamos! (estou mencionando apenas os engraçadinhos, os sem graça e/ou que nao gostei nao citei, mas nao foram muitos, nao, levo isso nao boa, fazer o que, tenho souza no nome, mas ninguem sabe! )

Mas felizmente isso é coisa do passado, agora estou na américa entao ao invés de ter problemas com o sobrenome tenho com o primeiro nome também , aeeeeee. :(

É impressionante como é dificil alguem entender o meu nome aqui! Poxa é parecido com Edward, pensei que fosse bombar meu nome aqui, mas o pessoal sisma em me (tentar) chamar de Eduardo, ai sai tudo menos eduardo, mesmo que seja eduardo com r de paulista. Ja saiu Eduaudo, Eduado, Eguarrdou. Entao pensei : vou me auto apresentar como Ed, ai todos vao compreender. Pffff que nada, piorou, ai que nao entendem se estou pedindo alguma coisa, ou sei lá o que esse povo entende. Meu chefe por exemplo nem de Ed me chama, me chama de E (pronuncia íi), ou seja, com sete letras nao deu, com duas nao deu, vamos ver se com uma letra eu me acerto, porque se nao der certo, vou fazer igual o prince, vou transformar meu nome num simbolo impronunciavel.

Quando me perguntam o nome já nao digo mais: meu nome é Bottcher; digo: meu nome é
B-o- t-t-c-h-e-r.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Achei um iPod

Antes de ler todo o Post leia este recado:
Se voce perdeu um iPod cinza em Muscatine o que eu achei foi verde.
Se voce perdeu um iPod verde em Muscatine o que eu achei foi cinza. ;)


Bem amigos, eis que estava voltando da casa de um amigo meu no sábado, já era bem tarde, tipo 2 da manha. Entrei no carro e a minha esposa entrou no carona. Mas ai ela sentiu um desejo de dirigir e pediu: deixa eu dirigir. Eu disse : nao nossa casa fica a cinco minutos daqui. Mas sabem como é né, quando elas pedem, elas nao pedem, elas ordenam educadamente. Entao, cedi. Sai do carro para trocar de lado e eis que ele estava lá, encolhido entre o meio fio e a calçada, todo enrolado de frio, sozinho abandonado, entao ele olhou para mim, eu olhei para ele, fiquei comovido com aquela cena. Sem pensar eu o peguei em mesmo braços e o levei para casa, para ser acolhido e tratado. Obviamente , antes de o adotar eu olhei para ver se nao tinha ninguem por perto e se nao tinha ninguem em volta que podia ter deixado cair.


Chegando em casa , reparei que embora abandonado ele estava em otimas condicoes, sem nenhum machucado nem arranhao, e ainda cantava. Nao é maravilhoso? Havia nele algumas musicas , em sua maioria country , rock e hip hop. Not bad. Seu antigo dono, nao tinha cuidado, mas tinha bom gosto. Nao havia nenhuma identificaçao no bichinho a nao sei o primeiro nome do antigo dono: heather. Mais nada, sem telefone para contato, sem endereco, nem email, enfim, impossivel de identificar o dono de alguma forma. Liguei para meu amigo, para tentar saber se ele conhecia alguem na vizinhanca com esse nome. Nada. Diante das circunstancias, nao me restou outra alternativa a nao ser adotá-lo. E assim tem andado comigo desde entao, meu novo masacote :)


Falando sério, eu queria muito poder devolver, afinal eu ja perdi 3 celulares um de 100 um de 400 e um de 800 reais e sei a dor, e ficaria muito feliz em ver alguem honesto devolvendo, mas nao encontrei. Apenas depois de esgotadas as possibilidades eu resolvi ficar com ele.


No programa de hoje (falando igual o fim de episodio do he-man lembra) aprendemos que devemos obedecer nossas esposas/maridos/conjuges pois afinal se eu nao tivesse obedecido a ela, nao teria saido do carro e achado um iPod Nano 4Gb novinho me esperando na rua.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Novos Videos - Amana Colonies

Na lista de Videos do lado esquerdo do blog adicionei 3 novos videos, gravados recentemente. Mais uma vez , animal planet me convocou para fazer a cobertura do AKC Championship, American Kennel Association etapa Amana. Participou desta gravaçao a comentarista Denise, dando sua participaçao nesta cobertura inédita. Deve ser inétida mesmo, nao nenhuma outra equipe de tv. 

Detalhe que o evento era no meio do nada, entao fui me informar se era realmente lá no balcao de informacoes que encontrei na porta do local (tipo uma área de camping). Tinha um coroa lá e perguntou com um sotaque pra lá de texano:

-****************************, sir. [Nao entendi nada que o cidadao falou]
- É aqui o campeonato de cachorros?
- Yes sir!
- hehe, mas ... e onde estao os cachorros?
- Esta aqui: Au AU, Ruffs, Ruffs, Raw, Raw. [O cara começou a latir!, nao sabia se eu ria, se eu saia correndo, sabe qdo voce fica com vergonha pela pessoa.]

Moral da historia: tem maluco em tudo que é canto, da onde voce nem imagina. 

Em breve vou colocar as fotos da Amana Colonies, uma cidade aqui nos moldes Alemães. Uma graça o lugar, um pouco da europa aqui no Midwest americano. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Comentários sobre a crise americana

O mundo todo está de olho nos estados unidos e na crise financeira que se implantou aqui. Por estar morando aqui, as pessoas me perguntam: e ai como está a crise ai? Ta feia a coisa ai né? Outros mais engraçadinhos ja dizem: Po, foi só tu chegar ai e já começou uma crise mundial!

Primeiramente gostaria de dizer que a culpa nao é minha. Sério, tenho provas e testemunham a meu favor e comprovam que nao tenho nenhuma culpa com relaçao a essa crise. Mas que crise é essa? onde ela começou? Queria expor minha opiniao sobre a crise e minha visao disso tudo.

Ao meu ver a crise começou assim:

Alguem quis comprar uma casa. Foi ao banco , que estava cheio de dinheiro, e viu que o juros para a casa propria era uma mixaria, bem pequeno. Foi e comprou o seu sonho americano: uma de 100 mil para pagar em 20 anos.

Dez anos depois ele resolveu pegar um novo emprestimo no banco e deu sua casa como garantia, a famosa hipoteca. Como se passaram 10 anos sua casa agora vale 200 mil. Entao ele pegou os 200 mil e fez oq? comprou mais 2 casas de 100 mil, fez uma reforminha e botou a venda por 150 mil cada.

Agora pense alguns milhares de pessoas fazendo isso no mesmo periodo de tempo. Agora "todo mundo" tem casa e mais duas para vender, mas vender para quem? Logo o preco da casa abaixa, abaixa, abaixa e logo as pessoas nao conseguem mais vender pelo valor que pegaram de hipoteca. Entao o banco toma as casas, mas a casa que foi hipotacada por 200 mil agora vale 80 mil! Ferro no banco. Imagine milhares de pessoas devolvendo casa (algo que ninguem quer comprar) por um valor abaixo do que foi emprestado. Assim os bancos quebram fácil.

Para complicar mais ainda, esses banco pegaram esses papéis e venderam no mercado exterior, algo como: eu tenho 1000 pessoas que ainda tem uns 20 milhoes para me pagar, quem quer fazer negócios comigo, com base na garatia dessas 1000 pessoas? Assim os bancos se ferraram e ferraram o mercado internacional.

Para complicar, temos uma alta do valor do combustivel, que quase triplicou em algumas regioes em menos de um ano. E gasolina aqui é o sangue da america.

O que vejo de situaçao aqui é: quase nada mudou. Crise americana nao é igual crise no brasil que aumenta a pobreza em x por cento nao. Aqui em crise o pai so compra 1 jogo de video game para o filho por mes , ao invés de um jogo para cada video game que ele tem. É claro que quando soa um alarme de crise rola um "vamos segurar para ver no que dá". É isso que diminui as vendas. obviamente que se as pessoas segurarem por muito tempo a producao cai, ai pode ser que venhamos a sentir mais na pele a crise. Mas aqui na minha regiao, nao senti muita diferença não.

O que realmente vejo é MUITA especulaçao e falta de informaçao e muita gente querendo gritar "vai quebrar, 1929 voltou!" mas por desepero mesmo, pois absolutamente ninguem pode afirmar uma coisa dessas. Por exemplo, esse é o terceiro Bail Out (governo dando dinheiro para segurar instituiçoes) em menos de 15 anos nos EUA. O que acontece é que o mundo está cada vez mais ligado entao quando puxa um fio toda a teia treme, normal.

Pense comigo com a queda da bolsa recente no mundo, muita gente perdeu dinheiro, mas muita gente vai ganhar daqui para frente. Quanta gente ganhou dinheiro da noite para o dia com o aumento do dolar.

Cuidado com os profetas do apocalipse de plantao por ai. Por exemplo, passou no fantástico uma reportagem de uma familia americana que estava morando em trailer. Ai voce pensa, caramba a coisa tá feia. Só que se prestarem atencao bem na reportagem a familia mora em trailer tem 6 anos! Onde neeem se falava de crise. Fiquem espertos. Tem muita gente lucrando com essa situacao, apenas um alarme falso faz bolsas cairem e bolsas subirem. Nem tudo o que se diz é verdade.

No demais, realmente a economia mundial está passando por uma prova. Vamos ver quantas questoes ela acerta.

Eduardo Bottcher , de Muscatine, para o Jornal nacional

Boua noite (estilo william bonner).

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O brasileiro e o carangueijo

Eis que estou dando minha aula na faculdade aqui e olho para a mesa de uma das alunas, e vejo algo um tanto quanto inusitado. Uma concha no vidro. Como cada aluno faz um curso diferente , pensei: bem essa ai deve fazer biologia ou coisa assim e trouxe a concha para alguma experiencia. A aula ia rolando e eu morrendo de curiosidade para saber que raios era aquilo. Ja estava com a testa soando, dava a aula sem tirar os olhos da concha. Resolvi: vou passar um exercicio e vou lá perguntar. Mandei um "façam os exercicios da pag cinquenta e doze a página setenta e trinta" e corri para a mesa da menina:

- Que que é isso ai?
- é um carangueijo.

Entao reparei que a concha nao estava só, havia um carangueijo saindo da concha. Sabe aquele carangueijo que sai da concha e leva a concha atrás. Acho que o nome dele é bernardo-eremita. Veja a foto abaixo.

- Voce vai dissecar ele na aula?
- Eu? não, esse carangueijo é meu.
- Seu?
- É , eu trouxe ele para passear um pouco, tomar um ar.
- Ah sim, claro, é bom mesmo esticar as pernas , ainda mais ele que tem umas seis (eu acho).
- Ele vai competir na Crab Racing, corrida de carangueijo.
- Hmmmm, que legal.


Bem nao preciso dizer mais nada né.


Agora pense: estatisticamente qual a probabilidade de haver um brasileiro e um carangueijo ao mesmo tempo em uma sala de aula e americano?

Já dizia o Patropi: Que Loucuuuuuuuuura meu!

Enfim: College!

Após quase um ano de espera e contatos, finalmente consegui realizar mais um sonho: voltar a dar aulas. Para quem me conhece eu sempre dei aulas em faculdades no Brasil e é algo que faço unicamente por amor a educação, muito mais do que dinheiro ou "fama", estar em contato com pessoas e fazer amizades e passar um pouco do pouco conhecimento que tenho é uma grande paixão para mim. Quem nunca ouviu uma frase clássica minha: "O dataset é uma alcatéia de datatables" (em homenagem a Tat, que rola de rir qdo lembra disso :) ).

Bem, eis que agora estou aqui nos eua e desde que cheguei nao pude dar aulas, quase um ano, ja estava agoniado. Mas isso é passado pois hoje estou dando aula no College da cidade, uma alegria sem precedentes! Entao a partir de agora terei muita coisa para falar da vida academica na terra do tio sam, tenho certeza que voces tem muita curiosidade e eu também, afinal nunca fui aluno de college aqui, ja começei a carreira no lado de lá da mesa. Eu adoro pular etapas, hehehe.

Em principio posso dizer que tudo é MUITO diferente. Desde a organização até a infraestrutura do campus, e olha que é o campus de uma cidade pequena. Infelizmente tenho que admitir que nao vi nenhuma faculdade no Brasil que tivesse a mesma infra -estrutura e organização que o College aqui. Cada sala tem um projetor ligado ao micro do professor. 15 alunos por micro? Jamais! um aluno por micro e com espaço. Eu recebi um livro para lecionar, e mesmo assim tem um livro igual ao lado do meu micro para o caso de eu esqueçer. Quadro branco de ponta a ponta da parede. Biblioteca integrada com outras bibliotecas de outros campus e do proprio sistema de bibliotecas da cidade e região.

Isso sao apenas alguns pontos que posso dizer de novidade. Outra coisa diferente é a relaçao aluno x professor. Aqui nao tem tapinha nas costas, "coé professô ta muito dificil essa prova", "ai mestre , dá p liberar mais cedo hoje nao, vai ter jogo 9:30 e se eu nao pegar a minha van das 7:15 nao chego em casa antes de 10:30 para ver o segundo tempo, libera aê". Todos me chamam de Mr. Bottcher. Particularmente eu nao gosto de subir um degrau acima e vestir a fantasia de professor, eu me vejo como alguem igual a quem esta assistindo minha aula, apenas com o papel de transferir e facilitar o aprendizado , mas nada. Claro que tem gente que tem a tendencia a misturar as coisas, entao temos que tomar alguns cuidados enquanto estamos a frente , mas só isso. Mas aqui , pelo que tenho sentido aluno é aluno , professor é professor, e eles sao bem distantes.

Engraçado foi o primeiro dia. Eu estava tão nervoso, tão nervoso. Também, aula em ingles, em outro pais, num sistema que eu nunca participei como aluno , nao sei como funcionam coisas como "liberar mais cedo", "preencher pauta", "primeira aula nunca tem nada". Fiquei me perguntando qual a cultura para esses habitos academicos aqui? Nesse ponto os alunos foram muito gente fina comigo pois me deram a maior força e falaram para eu relaxar e tudo mais. Muito legal. Nesse periodo sao 3 aulas por semana de uma hora. Aos 30 minutos da primeira aula, rolou um silencio de 30 segundos e alguem perguntou: Mas prof. como é o Brasil? Pronto , os proximos 30 minutos foi desbravando terras desconhecidas para aqueles que em sua maioria nao sairam do Midwest americano. Ai ja pude me soltar , fazer gracinha, piadinha (ninguem riu) e quebrar aquela barreira interpessoal.

Bem, ao final daquele primeiro dia os alunos poderiam dizer: tive aula com um maluco que veio de um tal de Brasil, e eu posso dizer agora : Ja dei aula em um college americano.

Mais college em breve.